Um evento que começou despretensioso, pequeno até no nome, vai ganhando sua maturidade e experiência necessária para se consolidar como uma mostra de credibilidade, não só entre o público e a mídia especializada, mas também entre os próprios artistas que cada vez mais demonstram interesse em participar dessa iniciativa que chega na sua 6ª edição.
Os artistas/companhias/grupos que integram a edição de 2014 do Coletivo de Pequenos Conteúdos são: Companhia TRANSITÓRIA, Grupo VEREDA, Gustavo Proença, Projeto Z, Companhia Setra, Núcleo Móvel de Investigação Cênica, Grupo VOLÁTIL, Tambores do Paraná, AZEITE Companhia de Teatro, MAMBA NEGRA Companhia de Teatro e o artista visual Max Carlesso.
A abertura ficará por conta do artista Gustavo Proença. O compositor, cantor e multinstrumentista Gustavo Proença traz ao palco do TUC o seu primeiro trabalho solo intitulado Minha Alegria. Após registrar em forma de canções suas andanças pelo Brasil, Gustavo reuni seus sambas com várias influências e vertentes. Da ginga baiana à malandragem carioca, o espetáculo Minha Alegria é um passeio por cores e sabores sonoros com temperos de norte ao sul do país. Ao lado de conceituados músicos da cena curitibana, Proença mostra que a alegria está presente no samba de roda, no partido alto, na marchinha e ijexá. Músicas que falam da alegria do amor e da saudade, contam histórias verídicas que parecem inventadas, exaltam as forças da natureza e festejam a dádiva da vida, como, sua parceria com Léo Fé, “Aguerê” que já é cantada em vários centros afroculturais; ou a campeã do Samba do Compositor Paranaense “Mar Grande”. Minha Alegria, um show imperdível e inspirador.
Gustavo Proença apresenta o show "Minha Alegria" |
Dentre as atrações teatrais que farão parte da programação do CPC 2014 está o espetáculo Para Poe da Companhia Transitória organizadora da mostra. Para Poe é um espetáculo contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012, obra de criação coletiva dos artistas Clarissa Oliveira, Erick Alessandro, Patrícia Cipriano e Thiago Inácio. O espetáculo se constrói a partir do processo colaborativo, de acordo com as referências de cada ator que possuem vivências artísticas distintas e a partir dessas singularidades um denominador comum se encontra. O trabalho aborda as interferências do universo pop na nossa sociedade e como as informações chegam a nós, a partir de ícones da cultura pop que servem como uma alegoria para a discussão de questões filosófica existencial. Uma comédia de humor ácido e irônico.
Para Poe da Companhia Transitória |
Explorando as potencialidades de cada atração o CPC apresenta o trabalho CARNEQUEIMADA – meu campo de extermínio favorito do Núcleo Móvel de Investigação Cênica que também retorna ao CPC depois de ter abalado as estruturas do Largo da Ordem com a passagem do seu Caronte é Carmen. Uma cena performática, que parte da apropriação e re-significação dos conceitos que promovem as bruxas na obra MacBeth de W. Shakespeare. O processo trabalha a espetacularização do self do performer no formato de show de auditório.
CARNEQUEIMADA do Núcleo Móvel de Investigação Cênica |
Também pegando gancho no sucesso que fez ano passado, o Grupo VEREDA volta a se apresentar no Coletivo, desta vez, composto pelos atores Fran Lipinski, Livia Deschermayer e Gustavo Zardo, novamente sob a direção de Raquel Schaedler. O trabalho FRENESI foi selecionado para apresentar no Breve Cenas de Manaus e participou do Núcleo de Dramaturgia SESI PR – Teatro Guaíra.
Frenesi do Grupo VEREDA |
Com essa mesma afinidade de pensamento trazemos o trabalho da Azeite Companhia de Teatro e Mamba Negra Companhia de Teatro dois dos novos estreantes no CPC 2014. A Azeite Companhia de Teatro apresenta ‘Mar’, uma imersão na sensação de deriva e instabilidade através do tempo e do espaço. Com dramaturgia desenvolvida por Alexandre Lautert através do Núcleo de Dramaturgia SESI PR – Teatro Guaíra, a peça explora a perda de referencial e a constante dilatação/contração do tempo cronológico em nossa percepção.
Mar da Azeite Companhia de Teatro |
A Mamba Negra Companhia de Teatro apresenta ‘Rainha das Âncoras’, um espetáculo construído a partir de discussões acerca de valores, costumes e tradições por vezes sem sentido, mas ainda assim mantidos em vigor. Resistência, desapego e medo de mudanças são as palavras-chave que constroem e sustentam a peça, em uma embarcação decadente.
Rainha das Âncoras da Mamba Negra Companhia de Teatro |
Apostando na diversidade de linguagens outro novato no CPC traz para o TUC sua investigação do teatro sensorial e a busca de novas possibilidades da linguagem cênica. Terraço, da Companhia Setra, propõe uma história que permeia três sujeitos, dando possibilidades de identificação e/ou estranhamento, pois simultaneamente se percebe figuras do nosso cotidiano que externalizam de maneira extremamente potente, sentimentos que deixamos em torpor profundo.
Terraço da Companhia Setra |
O projeto Sobre o Tropeço, realizado pelo Grupo Volátil, traz o olhar do grupo para o que está acontecendo aqui e agora. Através do ato de tropeçar, o grupo fará um convite ao espectador a observar a quebra de suas projeções físicas e psicológicas em uma imersão na zona de caos e desconforto. Todas as referências e discussões em cima do tema Tropeço estão calcadas nas relações: Vida x Morte e Caos x Ordem.
Sobre o tropeço do Grupo VOLÁTIL |
Encerrando as atrações teatrais apresentamos o Projeto Z da diretora Nina Rosa Sá. Para ler aos trinta é um texto curto desenvolvido por Lígia Souza Oliveira durante umas das oficinas do Núcleo de Dramaturgia do SESI, sob a orientação de Marici Salomão. Nele é apresentada ao público uma personagem fendida em duas: seu ‘eu’ aos trinta anos de idade e seu ‘eu’ aos sessenta. Uma que escreve pequenas cartas e uma que as lê. Como se as palavras pudessem modificar o passado, a bailarina de 60 anos manda pequenos ps´s, fragmentos de vida, para aquela pessoa que ela mesma foi há trinta anos. Conselhos, arrependimentos e dúvidas. Assim, a encenação de Nina Rosa Sá divide a personagem que lê (ou seria a que escreve?) também entre duas atrizes, Kelly Eshima e Uyara Torrente, amplificando o jogo entre o que é passado e o que é presente. Ao final, resta uma incerteza: pode o passado ser modificado?
Para ler aos trinta do Projeto Z |
As artes visuais entram para o CPC através da exposição do artista Max Carlesso. Ator e artista visual nascido em Carazinho - RS, atualmente possui um espaço em Curitiba onde expõe seus trabalhos. As obras seguem uma poética onde o artista trabalha com cores e aplicações em suas telas.
Max Carlesso |
A exposição visa uma experiência sobre a imagem e suas relações com as linguagens contemporâneas em um processo que parte do desenho. O projeto surgiu com o interesse de investigar personagens do mundo pop e do fazer teatral na contemporaneidade, por meio de uma instalação artística, visando uma nova relação entre os espectadores e o espaço. A linguagem vinculada a essa exposição tange um universo performativo, buscando ressaltar as faces ou máscaras que a obra do artista propõe. A exposição será na sala Arte Urbana da Galeria Julio Moreira onde se localiza o TUC.
O chapeleiro maluco sob o prisma do artista visual |
A grande festa das artes chega ao fim com o encerramento do grupo Tambores do Paraná. O grupo apresenta sua seleção de batucadas para divulgação da cultura afro e brasileira, com muita música de tambor, canto e dança. Cantigas populares, produções próprias e músicas de autores parceiros, fazem da apresentação uma alegre festa cultural de ritmos e sons.
Tambores do Paraná |
Ainda na característica de extrapolar os limites do teatro a mostra realiza sua tradicional festa na Casa Selvática. Dia: 04/04 - À partir das 23h.